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domingo, 8 de agosto de 2010

Viver e Consumir na ausÊncia de si mesmo


Viver e consumir, na ausência de si mesmo

Não nego gostar de comprar, consumir, mas tive que escolher ter menos grana para manter minha sanidade que aos 57 precisava ser preservada. Pedi demissão e reiniciei minha vida.Surgiu uma oportunidade e fui para NY e entendi melhor a lógica perversa da indução imposta pelas imagens para o consumo total e desenfreado.Agora vacinada, pude observá-la com distanciamento.Nos identificamos pelos bens que possuímos, esses valorizados pela aparência que uma vez construída nos coloca em determinado lugar na pirâmide social.Somos considerados pelos bons contatos, ainda que até virtuais, pela quantidade!Associamos consciente ou inconscientemente os bem sucedidos aos sues bens declarados, anunciados ou postados, agora nessa onda irreversível da web. Confirmei muito do que pensava nessa quinzena em NY.O estímulo ao consumo e a vida aparente promove um sofrimento silente mesmo nos que tem alto poder aquisitivo, nunca é alcançado o suficiente, sempre é pouco, frente a tantas ofertas das imagens do que se pretende ‘’felicidade’’.Isso gera uma compulsão coletiva como a vida observada na grande maçã, o espelho da sociedade moderna.Minha geração começou naqueles tempos idos da década de 60, início do pensamento ecológico, quando o ideal que movia a juventude era a contestação à hipocrisia dos valores estabelecidos por um modo de vida ‘’burguês’’.Hoje, os jovens americanos que vi não são em nada diferentes dos mais velhos, e a minha geração cedeu, desistiu e está conformada, estamos igualados no desejo comum do consumo para distrair de nós mesmos.Lá em NY, todos andam pelas ruas absortos numa introspecção total, I pods na mão, um copão de Starbuck, ou qquer outro mamadeirão, sempre comendo, checando mensagens mesmo quando estão acompanhados fixam olhar na infinidade de telas; de laps, notes e ‘’ais’’.Portanto todos os sentidos estão ocupados e com fones de ouvido se protegem dos outros e se eventualmente se trombam , rola um sorry, êpa , um indivíduo da mesma espécie, mas que nem se sabe o gênero, pois não se olham, só se evitam!No táxi, uma tela, na rua várias e na mão a sua particular de um mundo só seu. A atenção é voltada para para qualquer lugar que não seja a realidade e o contexto do ambiente.Estamos out! Assim sendo se os olhos saem das telas, a expressão é de um vazio absoluto.E não muito raro, freqüentemente surgem na multidão multiracial pessoas ‘’fora da casinha’’, que caminham falando com amigos imaginários suponho, pois a solidão é uma constatação visível.A loucura está tão contextualizada que não surpreende ninguém, tudo é possível nessa cidade plugada na virtualidade e fascinante pelo impacto que causa, mas assustadora para a sensibilidade.

8 comentários:

  1. Laps, Notes e Ais
    isso dá um hai kai
    gostei tanto desse post
    que nem sei
    bj mana

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  2. esqueci de dizer que tenho aprendido coisas com você nesse blog, cléo...de novo e ainda como sempre foi aliás! não fosse a obviedade de você ser minha irmã mais velha... garanto que não é por isso, é do que você é antes ou independente disso que eu gosto...da sua pessoa mesmo. má

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  3. Bela reflexão! Gostaria de dizer que como profissional da comunicação com 26 anos de idade e 6 de mercado, trabalho para criar comunicação de qualidade para projetos que façam as pessoas sairem da telinha. Usar o poder da imagem não do ponto de vista do consumo mas da realização de coisas, fazer elas fazerem as coisas e de uma forma nova. Tem um monte de designer contemporaneo meu que tem o mesmo pensamento. Em breve, muita coisa boa vai ter comunicação boa, ai as coisas vão mudar um pouco. Saudações!

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  4. to adorando, cleo! o texto, os assuntos....e esse fundo de tela de livros está um charme! beijão, marie

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  5. Seu estilo de escrever , uma ovação e reverência como se faz para os grandes, Parabéns Cleo.
    E com razão estamos sendo engulidos como Gepetto por uma Baleia Gigante, não conseguimos segurar este arrastão da Globalização que provávelmente nos carrega para o Black Hole da Imaginaçaõ.
    Você já leu sobre Singularidade? é um fenômeno impressionante, e futurista.
    Sem mais, vou tentar colocar minha carinha aqui, como você pediu, saudade de você Fer

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