Páginas

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mingau

Patty Boyd e George Harrison
http://www.youtube.com/watch?v=OyLDqbcQ6j4
Ano passado, passou, futuro à vista, presente  hoje, junto ao presente de fim de ano, lembranças atemporais... Assim tendo sido presenteada vencendo a difícil estradinha de volta de um sítio, me dei por vencida e resolvi ficar uns dias bastante caseiros, sossegar dando tratos à bola, abrindo espaço no disco rígido para coisas significativas de outros tempos. Exercício bom para a memória, o primeiro documento que o PC abriu  foram os minguais do Círculo Militar.Começavam às sete horas da noite. É isso, dezenove horas era noite, e acabavam às vinte e três! Os pais iam nos buscar, tínhamos 15 anos, um pouco menos, um pouco mais. Hoje me dou conta do que era no contexto social a gente freqüentar aquele clube, mesmo que fosse só para dançar, era um clube de milicos, no auge da ditadura, por volta de 68 a 70. E ficava exatamente na maldita Asdrúbal do Nascimento, alguns quarteirões abaixo do QG do Segundo Exército, a gente balançando o esqueleto, e os pobres presos políticos, pendurados em pau de arara, ou estimulados por sessões de choques elétricos. Enquanto isso, no salão fervido do clube, adolescentes eram controlados, tinha um meganha armário que fazia a segurança afastando o garoto da garota, se estivessem dançando de rosto e corpo colado as músicas lentas, as que nunca curti muito, gostava mesmo dos rockões da época. Meu namorado era músico, mas a banda dele não tocava lá, eles eram muito novos, tocavam no clube que freqüentavam com suas famílias.Era ótimo porque assim eu podia dançar, porque ditava a moral da época que quando meu namorado estivesse tocando, eu deveria ficar sentada no gargarejo, com as demais namoradas, quietinha,tietando...Nunca soube fazer isso!Era um problema, pois para mim, dançar sempre foi uma paixão!  I’am so happy...Venus,Money,Money. Na canção dos Mutantes: ‘’Eu vou sabotar’’ me lembro da Rita Lee cantar vestida de noiva. Foi um delírio! Além das armações ilimitadas para as conquistas pré-marcadas pelo domingo anterior, a febre das pantalonas de cós alto, toureiras, e os caras, uns lindos que eram os dos esquemas das minhas amigas, eu não atuava, só colaborava, pois sempre namorei, desde os catorze então era coadjuvante das amigas que estavam disponíveis. Outro minguau bom era o do Clube Pinheiros, lá tocavam as bandas mais descoladas, ou loucas da época: Código 90,Colt 45,Made in Brazil,Watt 69...Aos sábados tinha a Bubuca também no Pinheiros, essa começava mais tarde e eu muito menina não ia, mas soube por uma amiga havia presenciado um pega entre duas garotas que acabaram no chão sem seus apliques, tudo por causa  de um amigo meu que era o frisson das duas, e do pedaço.Onde será que estarão essas pessoas? Provavelmente na ressaca de fim de ano com seus netinhos,coberta e pipoca assistindo um filme. Ou no facebook,hahaha, que nem eu!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Rua Augusta


A inesquecível Augusta, me veio à cabeça.Bons tempos...Comprei na Blow Up uma sandália carézima com uma plataforma de madeira para usar naquela hora, quando descia a rua vi umas pessoas interessantes então resolvi dar uma pinta lá na Drugstore.Apesar da minha produção naquele mini vestido de estampado à la Emílio Pucci, desenhado por mim, com recortes tipo palácio da alvorada na cintura e argolas unindo a saia à blusa do vestido, modelito super design, ainda achei pouco, faltava altura para impressionar a turma da Vera, gente da moda e mais velha...precisava daquela sandália!Sem a grana necessária para comprá-la no ato, passei na Fá, boutique do Waldir, no piso inferior da Ouro Fino, e peguei com ele  um adiantamento pelas roupas que iria levar na semana seguinte, pré carnaval.Ele vendia minhas criações como importadas, assim como a Paraphernália, na Franca.Deixei a sandália velha no exíguo espaço de estoque da  Fá , e no provador me emperiquitei  para ir  ''totalmente  blasé'' tomar um suco gigante no copo aquário da Drugstore.Quando saía da Galeria dei de cara com meu namorado.Ôps!Ele estranhou minha expressão  de surpresa se havíamos combinado o encontro naquela hora e lugar. Pode ? Eu havia me esquecido... fomos então tomar Chá no Yara.

humanidades no jardim do parque


Hoje pela manhã no parque do Ibirapuera, jardineiros desmontavam a mostra francesa de Jardins do MAM. Eu havia apreciado essa instalação e postado fotos desses jardins instalados, e o que presenciei hoje foi uma desagradável constatação da natureza humana, logo no primeiro dia útil do ano, para iniciar logo de cara o ano novo na dura dimensão do mundo real! Eu vinha pensando em coisas poéticas, na suavidade da chuva, olhando com carinho para as pessoas. A situação que presenciei me localizou num presente  triste, mostrando pessoas que  quando percebem que alguma coisa está sendo distribuída ficam alteradas demonstrando o pior de si. Chovia e alguns funcionários da prefeitura já haviam separado vasos de hortaliças e verduras para levar, quando os freqüentadores tomando conhecimento da possibilidade de poder ganhar uns vasos gratuitamente, queriam pegar os mais vistosos que já haviam sido escolhidos e por isso estavam separados. Alguns vinham com muita avidez para escolher o que levar e quando alguém comentou que o vaso que o rapaz está levando já havia sido escolhido justamente por isso estava separado, este respondeu que avisassem para quem o havia separado que ele o havia levado(!)Falou e saiu rindo, debochando da pessoa que deixou reservado seu vaso e que por ter se distanciado, o perdera para a esperteza oportunista daquele rapaz, que estava acompanhado por uma garota que não emitiu nenhuma palavra , tampouco se surpreendeu pela atitude do companheiro, foi conivente, aceitando o desvio de conduta do companheiro numa boa, cujo comportamento desagradou a todos, porém  não a atingiu em absoluto.Endossou a atitude grosseira do seu acompanhante, deixando  no ar um  não estou nem aí para vocês , pensem o que quiserem.Um outro cara, bem apessoado, elegante, com roupa estilosa , bacanudo, perguntou se só tinha para doação aquelas ‘’comidas’’, se referindo às hortaliças, legumes hortaliças e ervas. E rapidamente foi juntando o que queria levar, realizando a ação com movimento de rapina. A chuva e a situação estabeleceram uma situação de proximidade física entre as pessoas e revelaram a natureza humana, no fim da mostra da natureza do jardim. Vale o registro, foi chocante!